3 de janeiro de 2018

O realejo



Enquanto esperava  o cortejo
o homem do realejo
trocava olhares e sorrisos
com a boneca das pernas compridas, 
grandes, enormes.
Veio a turba a reboque das sardinhas assadas,
dos couratos e pasteis,
do bucho e da chanfana.
A boneca ganhou vida - cresceu em altura,
o realejo tocou,
o homem sorriu;
o povo sorriu,
o presidente sorriu 
- todos os presidentes sorriram -
os confrades sorriram,
o emplastro sorriu,
os homens da segurança, não.
A boneca desceu das pernas altas, 
o homem pousou a mão no realejo 
- tinha passado o cortejo!

(Memórias da  visita  de Cavaco Silva, presidente, a Arganil)





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